domingo, agosto 20, 2006

O chupa-chupa

No outro dia, enquanto dava de beber aos olhos e à mente, li na imprensa desportiva uma noticia bem engraçada sobre dois rapazes que, apesar das semalhanças, são muito diferentes. Ambos jogam futebol e ambos são guarda-redes, mas um é o jogador com mais títulos de sempre na história do futebol mundial, o outro nem por isso e nem a metade chegará. Um sempre mostrou ser um Senhor, tal como outros da sua geração (Figo e Rui Costa são os melhores exemplos), o outro não sabe, simplesmente, estar.

Atente-se a estas declarações de quem sabe estar e de quem é um Senhor.

"X parece um menino a quem se rouba o chupa-chupa".

“Depois da realização do Campeonato da Europa, ele disse que nunca mais me iria cumprimentar só porque eu tinha afirmado que joguei no mundial porque fiz por o merecer. Foi uma atitude ridícula da parte dele, sobretudo porque tinha estado comigo dois meses antes e cumprimentou-me na presença do senhor Scolari. Depois disso não se passou mais nada, até essas tais declarações. Se calhar cumprimentou-me por estar lá o Scolari"

“O X nunca foi chamado a esse assunto. Se as pessoas falaram da possibilidade de eu ir à selecção não era certamente para tirar de lá X. Acho isto tudo muito ridículo e lamento que ele tenha dito que não me conhece… Só me resta lamentar e dizer que as palavras ficam com quem as diz. Nunca entendi tanta animosidade. Posso viver bem com o êxito do X, mas se calhar o contrário já não acontece. É difícil explicar como é que não se conhece uma pessoa que conquistou tantos títulos como eu”.

“Da minha parte nunca houve problemas. A única situação que tivemos juntos aconteceu nas grandes penalidade do jogo entre o FC Porto e o Sporting. E nesse caso a história foi mal contada e muito empolada. Na qualidade de guarda-redes, respeitei sempre o X ao máximo e não tivemos qualquer tipo de confrontação. Mas depois, quando ele foi marcar a grande penalidade, exerci uma pressão natural sobre ele, como faço com todos os jogadores. No entanto, parece que o bicho papão tinha feito mal ao menino… Ele fez-me lembrar aqueles meninos que fazem queixinhas, que vão dizer à professora que lhe tiraram o chupa-chupa. Mas só me limitei a pressioná-lo, que é uma coisa natural no futebol. Por isso, não compreendi na altura toda aquela celeuma”.

“Ele teve muito mérito, mas é preciso ter sustentação mental para saber lidar com o êxito. Ou não se está preparado, ou aquilo é obra do acaso e julga-se que se é o maior, e começa-se a dizer disparates. Se calhar foi isso que aconteceu. Nem o próprio X estava à espera que aquilo lhe acontecesse”.

“Com tudo isto, acho que ele deve dormir e acordar a pensar em mim. Custa-me analisar toda estas questões, porque eu nunca tive nenhum problema pessoal com ele, nem a minha ausência da selecção está relacionado com o X. Aliás, na minha autobiografia não tive uma única palavra dirigida ao X… Se calhar foi a indiferença que o chateou”.

Sempre detestei o senhor X. Reconheço que vibrei com as defesas das grande penalidade no Euro e no Mundial, mas não foi por isso que deixei de o detestar.

Nunca achei que tivesse personalidade, nem força para aguentar a pressão do futebol ao mais alto nível. E por acaso até sei o que estou a dizer.

"Nunca um invejoso perdoa ao mérito" - P.C.