quinta-feira, abril 13, 2006

Gostava de...

No outro dia, enquanto dava de beber aos olhos e à mente, percebi a falta que ela me faz.

Por muito que me esforce, não consigo chegar até ela. Cada passo dado, corresponde à distância percorrida por ela enquanto se afasta. A ilusão, apesar de tudo, faz-me pensar que a possuo.

Ela é enganadora. Faz-me acreditar que sei tudo, mas, adivinhem, nada sei. Penso por ela, ajo, sinto, desejo, odeio, amo por ela. Agora que tomo consciência disso, faço tudo por e devido a ela.

Gostava de poder avaliar melhor as situações, mas ela não deixa. Sei que tenho de esperar mais algum tempo até poder usá-la em toda a sua plenitude. Não tenho outro remédio senão manter-me atento, alerta e observador. Só assim conseguirei encontrá-la. Vamos ver se não será tarde.

Tudo e todos me dizem que, à medida que me for aproximando da morte, ela vai deixando de ser necessária. Gostava de... ser experiente. Já. Agora. Mas não sou.


"A experiência é uma lanterna dependurada nas costas que apenas ilumina o caminho já percorrido" - C.

sexta-feira, abril 07, 2006

Já faz 10 anos

No outro dia, enquanto dava de beber aos olhos e à mente, tinha de assinalar o desaparecimento de um grande português, entretanto, esquecido. Trata-se de marcar uma data, com uma simples homenagem.

Lembro-me de ser pequenino e de ver os seus programas, mas não consigo recordar-me se tinham diálogos ou sequer se tinham mais actores. Há um, porém, que não esqueço, talvez por ter visto as repetições ou, se calhar, até por ter visto o original. A força, a emoção a garra foram marcantes. Como gostava de, um dia, ser eu a dizer aquelas palavras.

Por favor, sintam: http://www.guork.com/armazem/Manifesto.mp3

Silêncio.

Oh meu Deus...

No outro dia, enquanto dava de beber aos olhos e à mente, não consegui evitar sentir alguma revolta. Fui burlado, enganado, ultrajado e várias outras coisas terminadas em -ado. Menos aquelas mais porcas, porque, se já não gostava muito de cowboyadas, após ter ouvido falar de 'Brokeback Mountain' não quero saber nada disso.

Após o comentário humorístico/homofóbico, depende dos olhos de quem ler, vamos ao que interessa.

Ao longo da minha existência, sempre acreditei em algo superior. Qualquer coisa de transcendente. Agora concluo que, certos acontecimentos, nada têm de verdade ou não foram um tudo/nada alterados. Dois deles, por exemplo, alteraram a forma de ver a realidade.

Jesus andou em cima de gelo e não em água. Não sou eu que digo. O Doron Nof, professor de Oceanografia na Universidade do Estado de Florida, garante ter sido assim que tudo se passou.
Caramba. Isso não se faz. A humanidade anda mais de dois mil anos enganada. Afinal o filho de José e Maria era um trafulha. Um trapaceiro. Andar em cima de água no mar da Galileia. Exacto. Desconfiei, mas como sempre ouvi dizer que o rapaz tinha super-poderes não liguei.

Não contente, esse moço era um grande amigo do Judas. Aliás, o Judas era o aluno preferido de Jesus. Também não sou eu que digo. Desta vez é a National Geographic.

Um manuscrito descreve a seguinte cena:
Jesus - Então Judas, 'tá tudo?
Judas - Oh pah yah. Sabes quisto de mandar nos outros é muita complicado. Os impostos, a guarda e tal. Uma carga de trabalhos.
Jesus - Pois compreendo. Olha, vamos fazer o seguinte. Eu preciso dum granda favor teu. Tás a ver!?
Judas - É pah. Favores?!!! Vê lá, c'ainda me lixas pró resto da vida.
Jesus - Então é assim. Eu revelo-te aí umas cenas, que te vão ajudar a governar aqui o estaminé. Tipo umas super-capacidades especiais. Tás a ver?!! Mas em troca vais ter de me trair e entregar-me aos romanos. Topas?? É que só assim vou ser considerado um ganda santo e um gajo muita bonzinho.
Judas - Tu és é tolo. 'Tás maver mal óquê?!!
Jesus - Se o fizeres vais superar os outros onze matrecos. Men, qual é a tua!!??? Vá lá, faz esse favor ao 'migo. Vais ser amaldiçoado pelas gerações futuras, mas não te preocupes men!!! Caga nisso. Depois há-des vir e depois vais governá-los. Não stresses. 'Tá tudo controlado.
Judas - Prontos, pah. 'Tá bem. Mas ouve lá. Só te facisto porque sou um granda amigo teu. És meu fã. Eu curte-te bué. Tens aquela cena dos poderes e tal. Mas acima de tudo. 'Tás óvir? Acima de tudo, faço, pah, porque confio em ti. Dá cá um beijo. Men, até 'tou comovido e tudo.

Agora, que a história está a ser revelada aos poucos, em quem é que se pode confiar? Um dia destes descobre-se que o paralítico curado, após ter estado com Jesus, não era mais do que um dos amigos dele e que era tudo um esquema para esses rapazes, de cabelo comprido, ficarem com as miúdas mais giras.

"Podeis enganar toda a gente durante um certo tempo; podeis mesmo enganar algumas pessoas todo o tempo; mas não vos será possível enganar sempre toda a gente" - A.L.

quarta-feira, abril 05, 2006

Não Compreendo

No outro dia, enquanto dava de beber aos olhos e à mente, parei para me debruçar sobre numa notícia, mais uma, que li num jornal. Nada de outro mundo, mas começa a ser uma 'não notícia' dada a frequência com que vai acontecendo.

Título: 'Professora violou aluno de 13 anos'.
Pós-título: 'Rachel L. Holt (foto 1) (acrescento, de 37 anos) deixou que um outro aluno de 12 anos assistisse aos actos sexuais'

Após ler o que li e ver o que vi, até compreendo a detenção. Não se faz. Torturar dois jovens, daquela forma, é cruel. O pai estranhou que a ex-mulher convidasse o filho para passar uma semana inteira com ela. Está no seu direito. A policia, claro, investigou, concluindo que o rapazinho estava com a professora e não com a mãe. Mas, apesar de tudo, a denúncia não partiu dos rapazinhos.

Como refere a notícia, este já não é o primeiro caso, especialmente, nos Estados Unidos da América. Quem não se lembra de Mary Kay Letourneau (37) que casou com o aluno 'violado', aos 12, e de quem tem dois filhos. E a Pamela Turner (27) anos (foto 2).

O que ainda não consegui ler, em nenhuma notícia sobre o assunto, é - 'A denuncia partiu do rapaz abusado' - ou 'Após a experiência, o rapaz abusado fugiu e nunca mais foi visto'.

Foto 1
Foto 2

Quer a mim parecer-me, que anda aí muito boa gente a 'cortar o barato' (como se diz em terras de Vera Cruz) a muito adolescente. Agora o comentário rude, digno de um pedreiro do mais alto gabarito: 'Se c'uma ainda se compreende o porquê de ter sido presa, já ca outra tenho a certeza q'us putos nunca mais falam c'os pais'.

"Ela pensava que a ocasião fazia o pecado e ignorava que o pecado forja a ocasião" - M.V.

sábado, abril 01, 2006

Vou deixá-la

No outro dia, enquanto dava de beber aos olhos e à mente, decidi que vou prescindir de algo na minha vida. Acordei, bem disposto, com apetite de tudo. Ultimamente ando assim.

Deve ser por estar embriagado com o que vejo. Afinal, quanto mais tempo tenho, maior eu fico. De uma forma ou de outra cresço.

Num desses momentos de crescimento, dou por mim a pensar que até gosto dela. Começou por ser uma coisa diferente, mas rapidamente se transformou num prazer. Nada que se repetisse com muita frequência mas, a cada vez encontro com ela, ficava de rastos. A satisfação era imensa, apesar de, algumas horas após a ter possuído, sentir a sua ausência.

Estranho, o prazer que sentia deveria manter-se em mim por mais tempo.

Hoje, ela feriu-me de morte. É suja, é porca. Seja em que local for, em que altura for, é badalhoca. Nada que já não suspeitasse, mas confirmar é sempre uma desilusão.

Estou marcado para sempre. E agora, como será? Terei de encontrar uma alternativa a ela. No entanto, ninguém me garante que seja diferente com outra.

Consumada que está a perda, surge agora a saudade. Nada a fazer, vou riscá-la. Nunca mais a quero ver, apesar da satisfação obtida com ela.

De certeza que não serei o único a pensar assim. Afinal, quem voltará a um restaurante chinês, após ver a reportagem da SIC sobre a higiéne, aliás, a falta dela.

"Não existe amor mais sincero do que aquele pela comida " – B.S.