O pirralhinho de Natal
No outro dia, enquanto dava de beber aos olhos e à mente, tive o prazer de presenciar aquilo a que vou chamar de pequeno milagre natalício.
Já tinha sido sondado para a tarefa, mas sempre a recusei, fazendo jus ao meu extremo mau feitio. Mulher, cunhados e cunhada insistiram, sem conseguirem demover-me. No entanto, um pequeno olhar, acompanhado de um sorriso capaz de ofuscar o brilho de uma estrela, deitou abaixo toda a minha determinação em ser, mais uma vez, mau feitio.
Foi tão simples quanto isto. ‘Oh pimo, o pai natale táxegar? stá?’ Não resisti, claro, e lá fui vestir-me. Aprumei-me. Afinal, não podia defraudar as expectativas daquele pirralhinho.
Desapareci, por momentos. Ao longe ouvia-a. ‘Oh Pai Natale! Pai Natale! Onde stash?’
Subi umas escadas (engraçado, normalmente o gajo costuma descer), agarrado ao corrimão, com uma prenda no saco e, lá em cima, toquei três vezes no sino.
‘É ele. É ele?’, perguntava, enquanto alguém lhe dizia para ir abrir a porta, coisa que fez prontamente.
‘Ho!!Ho!!Ho!! Boa a noite a todos’, disse, tentando ignorar a boca e olhos abertos de espanto e as mãos juntas de surpresa.
Ele: Quem é a pequena X?
Ela: ‘Shou eu’
Ele: Que idade tens X?
Ela: ‘Tês’.
Ele: Foste uma menina bem comporta?
Ela: ‘Shim’.
Ele: E rezas ao menino Jesus?
Ela: ‘Shim’.
Ele: O que pediste ao Pai Natal?
Ela: ‘Não shei’.
Ele: Então vê lá se acertei?
Com dois deditos muito pequeninos, ela retirou o ‘nó’ ao saco vermelho, agarrando de imediato o papel de embrulho. Com muito cuidado, como quem quer prolongar o momento da descoberta, foi rasgando o papel.
Ela: ‘É uma totineta cor-de-rosa. E tem música’ – disse enquanto me mostrava com aqueles olhos arregalados que se tratava da prenda certa.
Ele: Pronto, está entregue. Agora tenho de ir embora, porque tenho de ir visitar outros meninos.
Um beijo, um abraço bem apertadinho e um olhar de satisfação foi quanto chegou para aquecer uma noite muito fria.
"Oh pimo, pimo, o pai natale táxegar? stá?" - M.
Já tinha sido sondado para a tarefa, mas sempre a recusei, fazendo jus ao meu extremo mau feitio. Mulher, cunhados e cunhada insistiram, sem conseguirem demover-me. No entanto, um pequeno olhar, acompanhado de um sorriso capaz de ofuscar o brilho de uma estrela, deitou abaixo toda a minha determinação em ser, mais uma vez, mau feitio.
Foi tão simples quanto isto. ‘Oh pimo, o pai natale táxegar? stá?’ Não resisti, claro, e lá fui vestir-me. Aprumei-me. Afinal, não podia defraudar as expectativas daquele pirralhinho.
Desapareci, por momentos. Ao longe ouvia-a. ‘Oh Pai Natale! Pai Natale! Onde stash?’
Subi umas escadas (engraçado, normalmente o gajo costuma descer), agarrado ao corrimão, com uma prenda no saco e, lá em cima, toquei três vezes no sino.
‘É ele. É ele?’, perguntava, enquanto alguém lhe dizia para ir abrir a porta, coisa que fez prontamente.
‘Ho!!Ho!!Ho!! Boa a noite a todos’, disse, tentando ignorar a boca e olhos abertos de espanto e as mãos juntas de surpresa.
Ele: Quem é a pequena X?
Ela: ‘Shou eu’
Ele: Que idade tens X?
Ela: ‘Tês’.
Ele: Foste uma menina bem comporta?
Ela: ‘Shim’.
Ele: E rezas ao menino Jesus?
Ela: ‘Shim’.
Ele: O que pediste ao Pai Natal?
Ela: ‘Não shei’.
Ele: Então vê lá se acertei?
Com dois deditos muito pequeninos, ela retirou o ‘nó’ ao saco vermelho, agarrando de imediato o papel de embrulho. Com muito cuidado, como quem quer prolongar o momento da descoberta, foi rasgando o papel.
Ela: ‘É uma totineta cor-de-rosa. E tem música’ – disse enquanto me mostrava com aqueles olhos arregalados que se tratava da prenda certa.
Ele: Pronto, está entregue. Agora tenho de ir embora, porque tenho de ir visitar outros meninos.
Um beijo, um abraço bem apertadinho e um olhar de satisfação foi quanto chegou para aquecer uma noite muito fria.
"Oh pimo, pimo, o pai natale táxegar? stá?" - M.